quinta-feira, 30 de junho de 2011

Infinidade de Ser

Devagar me embrenho na selva de pensamentos soltos. Pontiagudos e cortantes. Meus pés estão cheios de farpas.. cada passo dado incomoda e dói, ainda bem.
Divago por universos inteiros e vejo planetas passarem voando, civilizações inteiras já estiveram aqui, agora me observam de longe.. infinitos pares de olhos.
Sinto medo, não olho mais pro céu em noites estreladas.. a imensidão me assusta, outro dia mesmo eu a engoli e pude sentir ela dentro do meu estômago. De qualquer forma somos amigas, eu e a imensidão.


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Reflexos de existências imaginárias




































Boto a mão pra fora da janela... a chuva está caindo, consigo ver pelo reflexo que faz quando passa a luz do poste, mas não ouço seu barulho, não sinto seu cheiro nem suas gotas geladas contra minha pele.
A chuva não cai, porque não molha.
Meu choro agora é gelado como as gotas da chuva devem ser (não sei, não sinto).. corre pelo meu rosto e pára quando alcança minha boca seca. Meu choro não molha, porque não cai.. são lágrimas imaginárias.
A companhia da tv ligada me deixa inquieta,
são tantas pessoas dizendo tantas coisas, são espectros.... assim como aqueles que passaram por mim e não me viram e os que eu vi e não enxerguei..
Estou cercada de espectros.... espectros vivos. meio vivos meio mortos.
Sou um pedinte dentro de meu próprio quarto, eu passei direto por mim mesma e aquela criatura patética sentada num canto sentindo pena de si virou um espectro também...
uma forma mal contornada, um borrão..
Acontece que eu me olhei no espelho agora e vi meu reflexo..
ele estava lá sim, estava ao contrário, mas isso já era de se esperar.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Filha de Janaína

Sentiu a areia entrar pelos dedos e afundou ainda mais seu pé para que aquela sensação não fosse embora. A aspereza dos grãos de areia contra sua pele macia era estranhamente gostosa. 
Contorceu os dedos do pé tentando agarrar aquele momento.

Deu graças a brisa fresca que, às vezes, batia e a fazia esquecer por um segundo o calor soberano que se impunha. O mar estava a poucos metros, calmo e liso. Um pecado azul.
Tirou o vestido, a presilha que separava uma mecha de cabelo que sempre ficava caindo em sua testa, e por fim a calcinha. Sentiu uma gota de suor cair de seu rosto e percorrer todo o seu corpo, ou seria uma lágrima?
Com alguns passos chegou a beira e mergulhou o corpo inteiro de uma vez só. Sentiu a água gelada invadir todos os poros de sua existência. Por um instante teve medo, mas logo se rendeu à onda e num momento de êxtase profundo deixou que a levasse.
Foi em seu último suspiro de vida que disse carinhosamente: "Serei para sempre tua."
E desfaleceu envolta nos fortes braços de Mar, aquele que a fez mergulhar um mergulho sublime dentro de si mesma.