segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Vai ver foi um sonho...
























Que vontade de um abrigo
um peito aberto certo de um abraço.
Daquele mistério que brota do fundo da barriga
e faz sentir um medo gostoso.
Da solidão vivida a dois.
Sozinhos no mundo, só nós mais ninguém.
Que vontade de um aconchego.
Ficar a vontade.. falar de bobagem.
Vontade de apaixonar.
De quando o amor aparece assim, como quem não quer nada.
Divino e inexplicável.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010





A imaginação é nossa vontade de caçoar da realidade. Às vezes acho que o plano real é muito mais virtual do que a própria imaginação. Me parece que somos tão programados. Imitando os jeitos e treijeitos do amigo ao lado, seguindo as normas e convenções. Mesmo quando somos contraventores, rebeldes, temos perfeita noção de que os estamos sendo. Nessas horas liberdade me soa uma mentira.
Mas quando dormimos, não. Sonhar nos é inerente. É incontrolável. Todas a 'verdades' são postas à prova. Nossa mente brinca, ri, caçoa da nossa percepção do real. Ela é menina, moleque... gosta de nos dar sustos e pregar peças. Mas é também pura e doce e pode nos trazer as mais lindas sensações. Posso ser verde. Ter asas. Duas cabeças ou cabeça nenhuma. Posso ser eu, posso ser ele, posso ser todos. Posso até não ser. Mas sinto. Sinto livremente todas as sensações e vontades que surgem. Sinto em absoluto. Sinto plenamente.
E aí já acordada eu me pergunto: Será que sonhar não é a coisa mais real do mundo?

domingo, 23 de maio de 2010

Sonhos Coloridos


Branco era um menino tímido e inseguro. Não tinha amigos. Era fraco, sem graça, lhe faltava apelo.
Todos os dias assistia de longe às crianças brincarem, invejava a facilidade com que se sujavam e sentia muita vontade de chorar. Era o único espectador da sua infância solitária.
Roxo, Azul, Rosa, todos pareciam tão vibrantes e alegres. Até mesmo Cinza, que tinha lá seus momentos de melâncolia, se dava bem com a garotada. Mas ele, como alguém iria gostar daquele moleque pálido e chato?
Até que numa manhã ensolarada, Branco percebeu um garoto encostado no muro, nunca tinha visto ele antes. Foi tomado por uma sensação estranha. Ver aquele menino era como ver seu reflexo e ao mesmo tempo seu extremo oposto.
Se aproximou por trás e num gesto inédito tocou seu ombro. Nunca havia tocado ninguém antes. Preto assustou-se, nunca antes havia sido tocado. Trocaram olhares, se estranharam e então se reconheceram. Riram, choraram, se abraçaram, se odiaram e se amaram. Tudo isso aconteceu numa fração de segundo. Naquele momento entenderam.
Deram as mãos e sairam correndo sem medo em direção aos outros meninos. Foram recebidos com entusiasmo e se misturaram ao arco-íris de crianças.
Hoje Preto e Branco são melhores amigos, comunicativos e divertidos, seguros de si. Têm conciência de sua importância: São a presença absoluta de tudo e a ausência total de nada.