segunda-feira, 2 de abril de 2018

Esperar devia ter outro nome

Esperar devia ter outro nome
Porque nunca foi uma coisa só.

Existe o esperar anunciado
Aquele que já foi avisado
E agora aguarda apressado
O chegar do outro alguém.

Existe o esperar esperançoso
Aquele tal que nunca morre
Tem um olho na porta e um ouvido na linha
Porque do lado de lá se sabe
-de certo que sabe- será que sabe?
Que do lado de cá se anseia um alô.

E, por fim, existe o esperar silencioso
Aquele que não se anuncia e nem anseia.
É mudo
Porque de tanto esperar já perdeu o tom.
É fraco
Porque de tanto esperar perdeu vontade.
O esperar silencioso é, sobretudo, um esperar triste, pois reconhece sua solidão.


E que não se tome o esperar como ato que, por regra, contém dois.
Muitas vezes se espera de fora pra dentro
E vice-versa.
Esperar não é ciência e nem deve ser penitência.
Esperar é entendimento de que há, de fato, um fim no encontro. 
E por muitas vezes, senão por todas elas, não é com o que(m) se esperava.

Esses são os quais já tomei conhecimento. Há de existir outros esperares de outros muitos que esperam por aí.

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